Um Desabafo Para As Paredes

Eu tenho uma coisa a confessar: Eu já fui apaixonado por você. Quando estava longe, pensamentos protagonizados por você se repetiam em minha mente. Sua voz se repetia na minha cabeça feito um eterno disco de vinil. Revisitava suas imagens como se fossem obras de uma galeria de arte. Sentia a lembrança do seu toque rastejar sobre os meus músculos.

Te ver ao meu lado acendia um calor dentro do meu corpo. Injetava força nos meus momentos mais fragilizados. Me fazia ter coragem para abrir os portões do meu coração e assumir toda a vulnerabilidade que eu poderia expressar.

Todos esses frutos da paixão que tive por você, no entanto, apodreceram. O doce se esvaiu pela minha boca.

Isso não aconteceu a partir do momento em que você passou a desviar os olhares. Não foi quando você silenciou suas palavras. Não foi quando você interrompeu os seus toques.

Foi quando eu parei de alimentar o amor que eu sentia. Quando parei de regar as flores do jardim. Quando passei a filtrar a luz do sol. Quando parei de alimentá-lo. Quando parei de cuidá-lo.

Apenas o abandonei. Fui negligente. Releguei-o à um final deprimente. Um enterro sem cerimônias. Esqueci os bons momentos, sentimentos e emoções. A amnésia acometeu apenas os belos prazeres causados pela sua imagem e presença.

Queria que soubesse disso. Não foi você que colocou um fim nisso. Eu mesmo coloquei.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 30/09/2022
Reeditado em 30/09/2022
Código do texto: T7617820
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