...no Pravda
De tão comunista, achei ter lido aquela história no Pravda. Eram muitas as glebas de um amor que, confesso, preferia ter sido latifundiária, mas aceitei reforma agrária e sorria quando colhia minha pequena produtividade. Era pouca, mas eu reputava como grandiosa de tão intensa e diversa.
Aos poucos minha pequena faixa de terra foi ficando mais e mais infértil e já não nasciam flores, quem dirá os frutos. Quando não restou mais nenhum arbusto e já não havia sequer uma pequena sombra, fui me afastando daquele assentamento e na desiludida estrada que trilhava, procurava terras talvez mais imperialistas.
De hippie, me tornei yuppie. Rasguei o Pravda, comprei livros de auto ajuda e assenti ao capitalismo. Não mais produzi meus próprios frutos e flores. Um desejo não morreu: o de ter de volta aquela pequena parte que me cabia naquele latifúndio e, como diria Chico Buarque, dane-se o Pravda!
(Sobre uma pessoa querer relacionamento aberto e outra não tanto)