MAIS UM DEZEMBRO ABRE CAMINHO...
A tarde se debruça em caminhos iluminados
e aquele vento que mal toca a nossa pele,
suave brisa hesitante e fugidia,
apenas se insinua
passando pelos vãos das janelas,
agitando de leve os cabelos,
descendo com a pétala
que hesitante flutua e cai sem pressa ...
Brisa que estremece a superfície das águas
e murmura entre as folhagens
memórias de encantamento!
Você tão meu em instantes fugidios,
as tuas palavras passeando,
acariciando meus olhos atentos!
Sinto aqueles dias tão sossegados
que pareciam eternos, na nossa calma distraída,
enquanto eu imaginava selados os destinos
nas quatro luas ,
nos ventos frios que se repetiriam a cada ano,
e, a cada primavera,
nas mesmas flores de laranjeira...
brilhando nas noites enluaradas,
em brancas aquarelas pelos quintais adormecidos.
A tarde silenciosa repete seus cenários
e se esparrama pelos céus em busca do horizonte,
mas esse dezembro que abre caminho sobre
os escombros de uma primavera perdida,
que esvoaça na esperança de dias vindouros,
sorrindo nas asas das brancas borboletas,
já vem tingido de hibernais prenúncios,
nada me diz em murmúrios desconexos
e nas flores que se entreabrem em esplendorosos
azuis...
A história da vida se repete
na natureza e nos destinos por cumprir.
Mais um dezembro abre caminho,
mas esta tarde é simplesmente a hora
que se repete há milênios sob o Sol,
ao qual a Terra vai mostrando sua face
e é só isso, verdade rasa,
dor em flecha pontiaguda,
esplendor e morte,
vigência de átomos
em leves estremecimentos
de uma flor...