SOMENTE AMOR

Evaldo da Veiga

Antigamente, um bolero era o que a moçada queria.
Dois pra lá, dois pra cá, rodopiar grudadinhos, rosto colado.
Hum... sentir a respiração forte dizendo de desejos...
O perfume simples da farmácia do bairro, 
todo aroma era amor.
Hoje, já não se dança um bolero como antes, 
a coreografia está pra show,
antes ela ditava os movimentos do desejo no amor.

O som além da música, gemidos incontidos baixinhos,
barulhinho de dois, somente para os dois.
Mas se o bolero sumir? Inventa-se algo que ligue ainda mais,
sons em surdina ouvidos pelos dois 
e brotados na santidade do pares que se imaginam sós, 
no salão, onde todos fazendo amor,
aplaudem sem movimento invasivo,
os amores que acontecem no salão.

evaldodaveiga@yahoo.com.br