O PERDÃO *

Para servir ao semelhante como arauto da arte poética torna-se necessário um atraente diálogo. Há que se ir ao encontro de sua sensibilidade.

A força da Poesia nasce das agonias e inquietações dos leitores no mesmo universo que me consome.

A palavra do irmão constrói-me na expectativa de luz e a certeza de que é possível estar perto, mesmo estando a anos-luz do planeta de onde terá vindo o primitivo gene.

É quando me arrasto no mundo: um caracol com a casa nas costas e humildes antenas de imperceptíveis células a catar a baba dos caminhos.

É o sopro do viver que lança o sangue no fluxo da maçã na cruz. Os profundos desejos turvam a água de beber.

Há mais de dois mil anos, um homem de braços abertos mostrou-nos o perdão, ensanguentando-se de virtudes e esperança para com os parceiros de aflição.

O futuro consagrou uma certeza: o humano é o mesmo desde que aportou no cais terreno. Os erros e os acertos fazem parte dele. A mágoa e a rebeldia também.

MONCKS, Joaquim. A MAÇÃ NA CRUZ. Obra inédita, 2022.

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