Água nos meus pés
Me forço a nadar, e sinto que não tenho mais forças
Chegou num nível em que meus braços sangram, e dormem
Se eu parar eu morro, se eu continuar, também
Não há um meio termo
Até o sol cansou de me castigar, de me fazer delirar, de sentir sede
Os lábios ressecados do sal, só esperam o primoroso fim
E me forço a sobreviver em alto mar
Sinto falta do meu navio, mas acidentes acontecem
Pedras existem em qualquer lugar
Cascos destruídos não contam história, a não ser que sejam no fundo do mar
Onde tudo é tão pesado, que nem a gravidade se arrisca em viver
Onde só existe o alento de só viver pra existir... Se isso é chamado de vida
Esse era o meu destino
Mas me forço a nadar, com os olhos marejados e de que consigo chegar em algo seguro, um lugar pra repousar
(será que é longe pra voltar?)
Deliro entre a morte, sinto falta do chão
Lembro do meu desatento, da minha desilusão, em achar que sei o que é bom... O que era bom... Meu Deus... Meu navio afundou...