Corpo-leitor
Aprendi ler. Mas entendi que aprender a ler não era suficiente. Apenas ler, não basta. Para ler, ler de verdade, é preciso, antes de tudo, sentir. É tornar cada letra, de cada palavra, palpável. Sentir cada deslizar da língua sob o céu da boca. Como se espreguiçar na grama, sob um céu coberto de estrelas. Dar intensidade e cadência às palavras. Como se dança tango. Como tocar no piano aquela última nota, quase um suspiro. Ler é sentir. Escrever, no entanto, é reger uma orquestra. E nós, leitores, somos a orquestra. Com nossos instrumentos e habilidades, lemos. Mas, ler é sentir. E sentir, é com o corpo todo.