Traçando secantes, apago as tangentes...

Então fica tudo assim, nesse acordo tácito.

Já fiz tudo como você pediu, inclusive ir embora,

Bater a porta e jogar minhas chaves fora.

E te prometo: não volto nem na próxima primavera

Sigo andando com o vento passeando meus cabelos.

E não olho para meu rosto insone no espelho,

Também não penso quem deu o primeiro passo para trás.

E juro: não mando notícias, nem escrevo cartas

E nem largo nenhum pedaço de mim pelo seu caminho.

Sigo amargando cafés frios, fortes e sem açúcar

E devaneando sobre o gosto de palavras da minha linguagem,

Da mímica saudosa de nossas insônias compartilhadas

E de dividir um chiclete e uns cigarros,

Com gosto de sexo, suor e saliva destilado nas papilas.

E fico também com a minha taquicardia bêbada

E o meu desconsolo descompassado e sem saudade.

Eu não sou linguagem subversiva. Nem devaneio revolucionário.

Talvez seja um emaranhado de loucuras sórdidas

E tão impenetrável quanto a muralha da China.

Demasiadamente incongruente. Ando traçando secantes

Apago as tangentes e trafego entre loucuras sem impulsos.

Mas juro que prometo: não te procuro.

A partir de agora, serei uma multidão de meus nomes

Pichados monstruosamente nas paredes dos becos sujos

Aplacando solidões entranhadas de despedidas.

E não vou procurar explicação em discos e livros

Nem quero dançar-te nas auroras solitárias

Saio tão pouca de sonhos quanto cheguei.