Passeando no vazio em plenas nuvens
Não sabendo ao certo do que fiz nem faço
Pisando, várias vezes, em passo em falso
Meu paço, por definição, é o meu mundo
Por mais que em alguns momentos, me sinta preso
E o sabor dessa liberdade, que tanto prezo
Amarga, engulo a seco, digiro à força
Mas pago o valor que seja ao que não tem preço
Mesmo que sinta, que me impressione, quase vendido
Sem opção nem explicação, olhos vendados
Perdido em uma gaiola, quase enjaulado
Amparado pelo aspecto simples e o meu semblante
Que traduz meu intrínseco fulgor, quase verdejante
Enojado com o panorama, iminente e ventilado
Feito uma ave de rapina, que do abismo se apronta
Observando com anseio a sua presa a lhe esperar
Inerte, incrédula, inocente, indiferente e devagar
Como se o amanhã fosse certo e garantido
Ignorando a certeza improrrogável do perigo
Admirando a morte e sua beleza radiante
Evolui peremptoriamente em um simples rasante