Pelourinho
Há quem nos venda pra sinhô
Há quem nos entregue pra feitô
Há quem nos dê pra dotô
Há quem pense que temos valor…
Há quem nos bata noite e dia
Há quem queira nos prendê
Há quem não saiba respeitá a vida q nosso Deus dá
Quem cuspa no prato que comeu…
Quem suje a água que bebe e sempre beberá.
Quem chute aquele que sofre e que faz chorar noite e dia…
Quem plante ressentimento que rega com solidão e agonia.
E dele nasce o fruto sem perdão da mágoa que desemboca nos confins das almas em busca de um cruzeiro seu pra repousar…
Lá nele encontra a calma
A calma da liberdade, ao redor dos que sem nenhuma razão…
Perguntam: e agora então quem é sinhô do seu coração?
Uns esquecem que como eu…
vem tudo do barro, da poeira das luzes no céu desse meu Deus…
Quando adoece pedem misericórdia!
Quando morre a formiga come a carne…E não há amor no mundo que conforte mais do que estar só… entre a poeira das estrelas do céu, me vem o pensamento da mãe da mãe que era mãe de todos e dizia:
“Não há mal que dure para sempre, viva e deixe viver.”