Rascunho com o gosto de atual

A raiva que cobre a sua tristeza o torna miserável, restando a ira ao fim do dia se pergunta: seria melhor não sentir nada?

Descontroladamente se força a um sorriso. Os pensamentos tão rápidos quanto os socos em seu rosto. Paralisado manifesta respiração ofegante, sente toda a dor, mas gora com o vazio mental pode finalmente dormir.

Está só, não sozinho em casa, sozinho em tudo - sozinho de tudo. Pensa ser sua culpa e, provavelmente, deve ser mesmo. Ele olha pela janela e percebe que a noite está chegando, tudo bem, esses sentimentos o acompanham desde que despertara.

Não há como fugir

Suas costelas doem

Não pode se mexer muito.

De manhã questiona a dor em sua cabeça se na noite passada ele a polpou. Não aceita essa possibilidade, o que aconteceu no passado deve lá permanecer, mas a dor se arrasta para outro dia, outra semana, outro mês, outro ano e quando se percebe dez anos depois ainda está lá.

Cresce, troca-se os gostos musicais, os amigos, os hábitos, troca-se de escola, as roupas, a cidade, mas não se troca de dor, somente se acrescenta. E assim continuamos, a noite está próxima.

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