Roça de toco
Roça de toco - Marta Souza
Rusticidade, o lema da roça de toco,
No passado, bem comum em Goiás.
Trabalho braçal, com poucos recursos,
Poucas ferramentas e muita disposição.
Cultivavam a terra com bravura
De onde tiravam o sustento familiar,
Foi um bravo marco na agricultura.
Os roceiros colocavam as sementes
Sob a palhada entre as coivaras.
O arroz a principal cultura, e nas leiras
Melancia, abobora, banana quiabo...
Por vezes, rostos sombrios e cansados
Mas, com ternura e respeito pela terra
Com prósperos ensejos depositados.
Ao longe se ouvia um assovio.
Era alguém trazendo a comida.
No caldeirão, arroz com suã, feijão,
Quiabo com abóbora e mandioca cozida.
Tudo produzido ali, na roça de toco.
Pança cheia, um gole de água da cabaça
Um breve cochilo, quilinho do almoço.
Ainda hoje, persistem muitos roceiros
São poetas que escrevem suas sagas
Com suor, hombridade e boas ações
Dividindo grãos, que logo serão lançadas.
O nobre traço dessa cultura é a gratidão.
Assoviam à Deus, à vida e a natureza
São versos escritos com suas enxadas.
Nesse momento saudosista
Parece que ouço o som da matraca
Ao depositar na terra cada semente.
Sinto o cheiro do arroz na palha
Da melancia amarela, partida
Doces recordações poetizadas.
São minudencias, poesias da vida!