Minha Gatinha Escaladora

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

Veja bem onde se meter...

Magrinha de fazer dó, saindo da primeira infância, quase na adolescência, surgiu do nada lá em casa; saltitante.

... Veio por muros, telhados, árvores; pelo chão pouco a via andar. O medo não deixava; e precavia-se o quanto podia da boca do seu inimigo maior: o cão

Parecia presentir o pior...

E esse, aconteceu com poucos dias do seu acolhimento por mim; com um parente seu muito próximo...

Esse gato (muito perecido com ela) foi acoado por 5 cães (4 da Marieta e um de Dorinha), 3h30 da manhã, em minha rua.

... Coitado resitiu o quanto pôde, mas abucanhado por um deles, uma vez os outros cães aproveitaram a "deixa" e, o abocanharam também. O pobre não resitiu aos ferimentos sofrido: perdeu a vida de graça.

Gritei às feras como um louco, da janela do meu quarto e nem ligaram. Desci as pressas, saí à rua, joguei pedra nos bichos, mas , era tarde demais...

Por falta de um dono e pela magreza da minha gatinha Escaladora, comecei a fornecer-lhe alimento, água pondo-o sobre os muros mesmo. Agora já está mais encorpada, bonita, e só quer comer, dormir e brincar o tempo todo.

Não deixou seus velhos costumes: quando Felipe (um cão de rua que não me larga) avança sobre ela a fazer umas graças, na velocidade do raio a Escaladora escala qualquer coisa pela frente...

Outro dia a Escaladora, escalou uma árvore que há tempo, plantei. Ambas, são amores que me vieram, de onde nem sei.

Se pôs a olhar, a olhar a copa desse arvoredo, a querer subir...Uma vez lá em cima, quis voltar, e teve muito medo.

Miava, miava por ajuda em desespero, mas, não a ajudei. Quem sobe em algum lugar, muito alto, precisa saber descer (pensei).

Minha gatinha, por ser tão novinha, ainda não havia aprendido essas coisas e se viu a sofrer...

É preciso passar por apertos na vida para aprender sobreviver.

A necessidade, que faz o sapo pular, ensinou a minha gatinha Escaladora, a regressar das alturas que se meteu.

Tentou descer de frente e não pôde, não deu.

Após muitas tentativas em vão  mudou de jeito: virou a calda para baixo e desceu de fastos, devagarinho, até alcançar terra firme.

E passou a viver a partir de então, com a cabeça lá em cima, mas, com os pés no chão.

*Nemilson Vieira de Morais, Gestor Ambiental/Acadêmico Literário. (06:09:22)

Nemilson Vieira de Morais
Enviado por Nemilson Vieira de Morais em 06/09/2022
Reeditado em 14/09/2022
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