Lenha
Um dia, tive o sonho em ser como uma frondosa árvore.
Cresceria forte, seria um exemplo de longevidade... E de longe se avistaria minha copa, em meio à planície.
Iria florir em cada primavera, daria abrigo no sol de verão, produziria muitos frutos no outono...
Das sementes que caíssem ao chão, novas árvores nasceriam e perpetuariam minha espécie.
Quimeras...
O alimento que precisaria para toda a minha vida, estaria neste solo. Seu nome é amor.
Mas a incompreensão, essa aridez de sentimentos, consegue destruir os sonhos e corroer a mais profunda raiz que uma perspectiva de futuro possa criar.
E a árvore que seria frondosa, sucumbiu ao tempo.
Hoje, não nascem mais flores, não existem mais frutos. As folhas morreram e pendem dos galhos ressecados. O verde de antes, agora forra o chão e se entrega ao vento, como anseios que flutuam ao sabor do desconhecido destino.
O tempo irá tombar o que insistir em permanecer erguido por algum resquício de orgulho.
Mas, se não obtive a realização em ser árvore, serei lenha e irei cantar, crepitando nas lareiras onde se findam as histórias.
O que não serviu como alimento para uma vida, que sirva como calor, para muitas...