Em um café de Buenos Aires
Ao sol de uma tarde de inverno
Imaginando que aquele senhor de aproximadamente oitenta e tantos anos, usando óculos escuros e com uma bengala standby, encostada na cadeira ao alcance da sua mão, pode ser o espirito de Borges,
que veio arrastar correntes pelas ruas de Palermo, o bairro preferido de sua querida cidade.)
Andar pelas ruas, pelos parques,
respirar livre o bom ar de Buenos Aires.
descobrir a cidade, comprometido, mas sem obrigações e sem roteiro, ou guia turístico.
É como abrir um bom livro de poesias,
começar a ler e saltar páginas lendo um poema aqui, outro acolá e se, e se sentir cansado ou nostálgico, sentar-se à beira da estrada que passa por este poema e ouvir a canção de um riacho que corre ao lado, sem o compromisso de terminar o livro ou de ler todos os poemas.
Por isso ultimamente acho que gosto mais dos livros de poesias, de crônicas, contos curtos e ensaios.
Bom estar preparado, porque alguém vai lhe dizer: Esteve em Buenos Aires e não foi visitar o estádio do Boca?
Leu o livro do fulano de tal e não leu o poema tal?
Não, não, não!
Sem roteiros rigorosos e pré-estabelecidos;
sem obrigações de leituras lineares,
que exigem planejamento e disciplina,
já passei pelos russos, pelos sete volumes do Em busca do tempo perdido, pelo Grande Sertão;
Agora me alegra passear pelas ruas de cidades encantadas, escolher aleatoriamente um poema, ou conto, ou um ensaio.
E até mesmo voltar a velejar nas águas dos grandes mares, mas relendo- os aleatoriamente, sempre aleatoriamente.
Amanhã talvez eu caminhe pelas cercanias do Boca.
Talvez.