SONHOS DE UMA ESCRITA
Num cenário sertanejo, as camponesas de uma escrita contavam histórias com sabedoria, num artesanato com agulha e linha, modelavam o barro com as mesmas mãos que bordavam os versos de uma poesia.
Costuravam os retalhos de tecido, desenhando bonecas de pano que eram símbolos da esperança e da liberdade.
Nas manifestações literárias das romarias, expressavam não somente a fé e a devoção, mas fragmentos de uma escrita que ultrapassava as barreiras do preconceito, adentrando num cenário sertanejo que tinha na Literatura do ciclo das secas, um imenso respeito e gratidão.
Em Canudos Velho, lembranças nunca esquecidas, religiosidade desenhando as próprias vidas, sobrevivências que contavam os fundamentos de uma orientação religiosa que serviu de reflexão para compreensão de uma importante organização chamada Apostolado da oração.
Nas longas viagens transportadas no pau de arara rumo ao imortal berço das romarias, em todos os momentos refletiam sobre a vida dos retirantes na busca por melhores condições de vida.
Nesse sentido escreviam cordéis e vendiam nas feiras livres, faziam e comercializavam as panelas de barro, bem como o fruto de seus trabalhos no campo, expressando a nobreza de uma cultura e a luta diária pela sobrevivência.
Somente assim, poderam compreender que a escrita não era apenas uma terapia, mas a alegria de poder expressar os seus sonhos, suas fragilidades, suas esperanças e o cotidiano de mulheres que lutavam pela vida com dignidade.
OBSERVAÇÃO:
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