O toque leve do vento levanta a saia da menina que corre para um canto em busca de abrigo.
Românticas investem tímidas no antigo evasê, embora a vida dê voltas de babados sobrepostos que não são arrastados por ele.
Na alma, um jardim florido, tal qual a cor da saia, apesar da seca que o castiga. Desbotados os tons parecem enfraquecidos, mas rememoram a beleza: a gênese é a mais perfeita confecção do universo.
Na pureza do olhar ressabiado, há uma ternura feminina cultivada com o adubo do amor: a flor frondosa nasceu do cuidado.
Associada ao movimento livre juvenil, está a peleja de carregar a bagagem de um ventre, num mundo cruel e selvagem.
Enquanto se diverte, segurando a saia, o vento vai aumentando sua força e a menina, se vê despida, sem permissão.
Invasões causam reações físicas de alta pressão. Foge em linhas perpendiculares, desgovernada, à procura de um abrigo, uma mão, um sorriso ou uma trégua do tempo.
Na rota da fuga, vê-se refletida na vidraça da janela. Olhar atento de quem se viu diversas vezes, abaixo daquela fechadura, distante do alcance.
Tocou a porta e, abrindo-a, respirou:
- Sempre terei um lar que me abrigará da força dos ventos...
Menina de saia rodada, de alma florida e olhos atentos, que se assusta com a força do vento. Ingênua, pequena e levada, não podia parar no tempo?