Racismo cravado na carne

Qual é a palavra de ordem?

Qual é o teu lema?

No meio do cotidiano dilema,

Sobreviver com dignidade.

Mera formalidade –

Da existência.

Na dura batalha da vida –

A resistência.

Em busca da conquista,

Em prol da utópica felicidade -

Arrefecendo a realidade,

Estampado no problema.

O discurso de uma sociedade organizada,

Forjada por tal alienação.

Separando –

Tachando –

Impondo o rótulo da exclusão.

Dividindo –

Colocando tudo em uma caixinha,

Etiquetas promocionais –

Com escândalos adicionais.

O grau da melanina,

Quanto maior –

É menor a valorização.

Desde a época de Cabral,

A realização do embate.

Aos mais fracos –

O abate.

Um passado nefasto,

Na vil estruturação.

Olhar de desconfiança,

Abordagem pelo simples fato de existir.

Ato configurado,

Sem direito à fiança –

Pela lei trancafiado.

Crescente revolta,

Ao falso Messias o povo idólatra.

Há quem cresça –

Na expansão da consciência –

A ascensão.

País mercenário,

Levando ao povo mais sofrido –

A guilhotina da gentrificação.

Almejando a raça limpa,

Reverso conceito ariano.

Fomentando sórdidos planos,

A inteligência rebaixada.

A cor da pele –

O primeiro requisito para o abatimento.

O governo sem discernimento,

Não quer saber quem é.

Abre fogo –

Atira para matar.

Sem chance de escapatória,

Triste constatação.

Outra mais –

Mais uma vez –

Outro corpo inocente,

Tombado ao chão.

Grande potencial aniquilado,

Qual foi o seu delito?

Qual foi o seu pecado?

A descendência da melanina,

Carga genética –

Que na alma descortina –

Na aura ressoa a vibração.

O racismo pelas entranhas,

De uma parte da população –

Que julga pelas aparências.

Nunca foi velado,

A carne negra nunca define o mal caráter.

O possível ato racial a pregação,

Tratado como um discurso trivial.

Para muitos impregnando a dor,

Em meio ao necessário labor.

Mas de fato será constatado –

Na Constituição?

Pretos –

Favelados –

Herdeiros de infinitos conflitos,

Pela luta da justiça –

Sempre em atritos.

Vítimas da relativização -

Mesmo com a pele clara,

No âmago a dor do irmão.

A base da humanidade,

Construída no alicerce da diferenciação.

A maioria com o pouco,

Ou com o quase nada –

Até mesmo o nada.

A minoria abastecida,

No potencial do preconceito social.

Achando-se autossuficiente,

Em insanas futilidades.

Mexendo nas leis –

Levando ao retrocesso.

Diminuindo os direitos –

Multiplicando os deveres,

Na alta tacha de impostos.

Nenhuma proposta de evolução,

Digna identidade –

Com fé –

Ao poder do capitalismo –

Batendo de frente com a razão.

***

Blog Poesia Translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 18/08/2022
Código do texto: T7585271
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