LÁBIOS DA MORTE
Já fui leme e fui guiado,
Fui relâmpago e trovão...
Astrolábio de fragatas,
Bússola de navegação.
Fui levado pelo vento,
E o sopro do coração...
Que soprou-me em mar aberto,
Perdido na escuridão.
Desolado e caído,
Na inércia da embarcação...
Lamentando o cheiro da morte,
Sentindo o frio do chão.
Vi a vida se esvaindo,
E a alma partindo sem consolação...
A deriva, aos poucos sumindo,
Naufragada no mar da desilusão.
Eu gritei com a voz do cansaço,
E a voz não podia sequer ecoar...
Eu senti os lábios da morte,
Roçando minha face querendo me beijar.