Sabor de inverno de um domingo a noite

Pétalas caídas não fazem jardins floridos

Saudades que voam não cumprem promessas

Palavras escritas não substituem prosas saudosas

Voltar atrás não cura feridas

Era uma tarde chuvosa quando decidir correr na chuva

Lavar a alma que estava cansada de não tentar

Deixar molhar as cicatrizes das certezas

Se afogar nas poças que mal cabiam meus pés

Deixar escorrer o que não me pertencia mais

Fechar os olhos e me ver fora de mim

Como se o sol não fosse cruzar o horizonte

Ali tinha uma tempestade

Uma tempestade que o sol não era o suficiente para expulsa-la

E em uma das corredeiras que ali um rio se formava

Observei uma pétala sendo levada

Tão leve e rápida como a brevidade da vida

Não sei qual foi seu fim

Como também não lembro

A última gota que abotoou minha pele molhada

Trouxe lucidez a minha alma

E como uma chuva de verão

Tudo passa e passa rápido

Como as flores do sertão

Que tem pressa, mas também carrega perfeição

E tudo que vira recordação

Pode se transformar em saudades

Em vontades que a vida não permite

Saborear novamente.

EdCsilva
Enviado por EdCsilva em 14/08/2022
Reeditado em 15/08/2022
Código do texto: T7582494
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