[A Poética das Águas: A Agonia da Luz]
Não havia lua, é certo... ou havia?
O regato de águas ligeiras
penetrou na mata escura e fria,
levou consigo a minha voz,
o reflexo da minha face atônita,
e a consumição do meu olhar!
Não bastasse isso,
a minha sombra desgarrou-se de mim,
e também foi levada pelas águas,
o regato fundiu-a no escuro da mata,
a minha alma rolava com as águas!
Excluído de todas as possibilidades,
impedido de todos os sonhos,
perdi-me de mim, perdi-me de ti,
não mais haverá amanheceres!
[Não, eu não cogito outra morte,
quero, espero, a agonia da luz!]
[Penas do Desterro, 29 de novembro de 2007]