Casinha da serra
... E pela vida ficam as marcas da lida, sendo recitadas em poesias sofridas nas faces do sertanejo.
Sentado na varanda, o homem desfia um brilho de luar para depois tecer sonhos com seu olhar percorrendo estrelas nuas. A noite veste um negrume de silêncios que passa pelos ares e se arrasta pelo chão, como que deixando ausências serem tocadas. Uma saudade chega a apertar lágrimas, enquanto que a esperança desliza na ponta de uma estrela cadente.
É uma casinha num canto da serra, de telhas de barro, janelas e portas de madeira, onde as frestas são da arquitetura mais linda, que até o frio vem visitar, só pra ver o aconchego do fogão à lenha e das camas arrumadinhas, prontas para abraçarem com colchas quentinhas. E a madrugada se recolhe lá fora contando orvalhos e os deixando em gotas sobre as folhagens, para a manhã despertar já molhando os pés ao levantar-se. Depois o sol vem secar.
As horas passam e os pensamentos se dependuram em seus minutos. Hora de recolher-se e deixar a noite nas suas andanças escondidas pelos campos saudosos da última tarde. Na varanda a rede dormirá sozinha ao pé da brisa sorrateira.