Devorados pelo tempo
Alguém poderia dizer que o passeio era macabro, para mim que ando entre as sombras não. Quantas histórias perdidas nessas lápides desgastadas pelo tempo, quantas esperanças petrificadas numa despedida.
Manoel, João, Ana, Maria...
E tão desafiador esse último alento, quando vejo essas molduras sem cores num esquecimento perpétuo. Somos algo que não vemos, somos o nada transformado em pó.
Todas essas bocas que não beijam, todos os abraços que não existem mais, enterramos mortos e semeamos vivos , esa ausencia cheirando a capim, esse mármore puro e frio que desborda ossos tão indiferentes.
Mais existem outras coisas aqui, um mundo inteiro sem cinco sentidos, somos muito maís do que vemos, somos rio e terra, desafio de quem ainda vive e olhamos para o íntimo que restou bem dentro das lembranças trazidas por vocês.
Eu sei que essa conversa e bem difícil, talvez a mais importante, pois o coração sem dono vira poeira, porque desnuda os sentimentos, e falar com o silencio e muito mais difícil do que parece, escuta enquanto á tempo pois somos muito mais do que vemos.