Dentro dos olhos humanos reside um multiverso. Existe a poesia essencial, livre da métrica e da rima. O azul do céu, o azul de seus olhos, o azul da gardênia vestiam o cenário inteiro. A cianose impregnou meus pulmões...  Faltou até o ar... Dentro dos olhos humanos há umbrais, metafísica e abstração. Existe ver e enxergar. Por vezes, até a visão existe mas é uma película fina e superficial. Enxergar é adentrar a alma a dentro. Adentrar as veredas mais íntimas e humanas. Nos olhos os sentimentos por vezes transformam-se em lágrimas. Também a decepção nos estampa nos olhos, e a tristeza retira o brilho que cadente vai apagando as feições. Dentro dos olhos humanos, no vasto multiverso rico e dinâmico. Talvez os olhos humanos não consigam perceber tudo, ou pelo menos, a essência. Pois tudo é tanto e tão profundo. Que no abismo é preciso pescar o conhecimento, princípios, regras e princípios. E, o caminho é tridimensional e nos leva por lugares desconhecidos. Depois, com a maturidade você passa entender as fases, as características, e quase vira pitonisa. E, tendo premonições já passa antever cenários, pessoas e emoções. Dentro de seus olhos, agora acinzentados e, mais envelhecidos. Ainda há o mesmo ser que conheci há quase meio século atrás... No seu sorriso, ainda há um pouco daquele menino. E, nos renovamos e também envelhecemos cada dia mais. Até que o tempo acaba. O corpo cessa de funcionar e todo metabolismo estanca. O coração para. Depois, o cérebro para. Morremos e, afinal, Hamlet tinha razão: O resto é silêncio. 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/08/2022
Código do texto: T7578133
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.