MY WONDERING DAYS ARE OVER

Estou farto do irreal, da eterna suscetibilidade dos excluídos. Farto da fadiga humana, do pastiche psicológico dos entusiastas, da verborragia infértil dos que nunca se calam. Farto do fastio dominical das províncias. Farto do erro, do palco, do fumo, do álcool. Me irritam as palavras oriundas do silêncio. Me aborrecem as opiniões equivocadas sobre o que escrevo, quando tentam me por no divã com teorias improváveis e recém-lidas. O que escrevo é uma realidade que a mim não se aplica, mas a todo àquele que se reflete no fantástico espelho das emoções verbais e articuladas. Assim sempre busquei a leitura, desejando que a realidade alí impressa fosse a minha, e que me confortasse ou me fizesse sangrar por um sem-número de dias mortos. Anulando assim tudo o que me ocorria indesejado. Sou apenas eu, repelido por mim, exaurido das histórias inverossímeis que o mundo conta. Me alivia então o ar que me beija suave, sem pecado nem culpa. Me agrada o céu opaco de cinza, e me apraz o dia chuvoso através da janela alta, sem o desejo da queda. A falta daquilo que ainda não veio é apenas espera, vã ou gloriosa espera. Por hora tenho um beijo ao alcance da boca, um céu ao alcance dos olhos, e palavras, sempre palavras, alheias ou não. Belas ou não. Férteis o estéreis. Daqui para o futuro, serei apenas eu e o mundo. Sofram os que se afastarem.