Tanta reza

Quando a seca se torna mais cruel,

Secando córregos e lavouras,

Resta ao homem pobre do campo

Apenas a fé alimentada por procissões

E muitas orações

Com baldes de água levando ao Cruzeiro

Fincado no cume da montanha.

Fé e penitência se misturam com crenças,

Histórias milagrosas de chuvas torrenciais.

Quando menos recursos aquele homem tem

Mais sua fé e suas rezas se mantém.

Se for alienação isso não importa.

Tenho por mim que ainda o que lhe resta

É esse pouco que lhe sustenta.

Tanto lhe foi prometido,

Nada cumprido.

Então viver é o desafio,

Depois de descer o morro da reza e penitência,

Fim da abstinência,

Hora de encher a cara com cachaça

E assim adormecer mais tranquilo,

Até o dia seguinte para olhar pro céu

E sondar os desígnios da natureza.

Hora de mais reza!

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 03/08/2022
Reeditado em 03/08/2022
Código do texto: T7574282
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