LEMBRANÇAS SAUDOSAS

 

 

Maria de Fatima Delfina de Moraes

 

 

Ontem em reunião com alguns amigos, recordávamos os momentos mais felizes vividos.

Tudo começou quando uma amiga disse que gostaria de morar numa casa, com grande quintal e fazer um jardim.

Hoje, contudo, morando sozinha, tem muito medo de ladrões.

Outra relatou as saudades do tempo de infância em que morava em casa com quintal, onde uma enorme bacia de alumínio era a piscina além do divertido banho de mangueira.

Recordei minha infância com cinco anos de idade. Morava com meus pais e meu irmão e ficava num enorme quintal num carrinho de bebê brincando com um pastor alemão chamado Duque.

Embora o quintal fosse cimentado as flores plantadas ao redor atraiam lindas borboletas coloridas que eu adorava.

Eu fui saber pelos meus pais que o cachorro fugira das correntes para me proteger de um ladrão que estava escondido no corredor.

O cão deitou-se por cima do carrinho, mas espreitava o ladrão.

Sentiu o cheiro de meu pai que vinha chegando do trabalho e no momento em que meu pai entrou no corredor o homem se preparava para dar-lhe uma coronhada na cabeça.

Duque pulou um muro de três metros para atacar o ladrão no pescoço, que ficou deitado na garra do cachorro até a polícia chegar.

Como estava na parte baixa do quintal não podia ver o que acontecia.

Quando finalmente tudo acabou, o Duque veio correndo para lamber meus pés e deitar-se sobre o carrinho.

O cão era muito mais nosso que do próprio dono, por quem foi muito mal cuidado.

Meu pai trazia sempre ossos de costela do açougue e refogava para dar ao cachorro e sempre eu estava com meu pai alimentando o cão.

Eis porque ele me guardava com tanto carinho...

Hoje, aos sessenta e quatro anos, também adoraria morar em uma casa, mas não teria como morar sozinha com os perigos de hoje em dia.

Uma tarde gostosa repleta de lembranças saudosas.

 

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