Ninguém lê
Ninguém lê é um conjunto de medidas para quem sabe ler. Não é por tamanho que se mede a vida, ninguém lê. Por muito menos se ignora um texto, uma frase e até uma interjeição. Escreveria “eita” com exclamação, mas seria melhor preservar o que se escreve e o que parece óbvio. Eita! Desculpe-me, não resisti. Ninguém lê é mais do que um instante. Ninguém lê é uma forma de denunciar um escritor que não lê, um poeta escondido na madrugada, um maluco beleza à espera de algo inocente. Ninguém lê é o genuíno gesto de quem sabe, sem a dúvida em ter lido. Ninguém lê é um noticiário no mudo. Ninguém lê é uma posição liberal em protesto ao comércio de livros na Amazon. Ninguém lê é pão no prato de quem moeu a farinha. Ninguém lê é uma cidade no interior. Ninguém lê é pouca coisa perto do jeito como anda a vida. Ninguém lê mesmo.