Após o nascer do sol
... são tantos os motivos para tudo em quanto. Para nossa insatisfação, esse pensar não passa de uma resposta tão abstrata quanto nossa indignação. E, talvez, se quer sejam, de fato, os problemas a nos desmotivas, mas, sim, a ausência de possibilidades reais e alcaçáveis de por fim ao que já deveria ter se resolvido. Não acredito que sejamos tão insistentes em algo a ponto de ficar correndo em vão como nos cobramos ser. -Nos-, no sentido de partir de nós mesmos, de outros ao nosso redor e de terceiros que almejam algo. "O mundo é um lugar vasto e há espaço para todos" é uma colocação possível, se ao acaso fôssemos iguais no querer e na partilha, o que não é possível por sermos seres ajustáveis as condições que nos encontramos. E, possivelmente, não por malícia humana, apenas por nossas características naturais.
Baixa ou alto estima ou autoestima. Termos próximos, sonoridade próxima e compreensão tão distantes, tão abstrata quanto todo o resto. Sempre acrescentando mais e mais incômodos. Para alta, o poder de ignorar alguns incômodos sociais. Para a baixa, o ajuste moral de fazer e porquê. Encontram-se, também, no pensar de gostar do outro ou de si. Tão pouco discutida, comparada, compreendida... afetando nosso dia a dia como um tumor maligno que silenciosamente cresce com o passar dos anos no corpo de quem não preza. E quando se faz descoberta inevitável, grandes possibilidades de ser tarde de mais.
Um texto desses, cheio de reclamações sobre abstração, acaba se fazendo tão abstrato quanto ao que se dispõe contrariar, reclamando para si tais características. Tão abstrato quanto qualquer amanhã. Tão sutil quanto a falta de seu tema. Inútil como nossa disposição quando já cansados. Sem seu devido espaço no mundo, por tentar pregar a divisão ideal de espaço e mérito desproporcional ao quanto se deve fazer alcançável. Hipócrita... Vulgar... Vaidoso... Um mero nada que deseja vida. Sem saber o que lhe aguarda, mas presente após o nascer do sol.