Assim como as folhas, A Vida também
Eu sou uma folha caindo de uma arvore e não tenho a menor ideia de onde irei cair. Por mais que eu possa escolher alguns caminhos cruzados e me esquivar dos relampejos. O chão é logo ali, assim como a felicidade das flores nas estações da primavera tem seu fim a gente tem que entender quando o vento não está mais a favor, quando o peso da bagagem pede para ser dividido e não há com quem compartilhar, quando a noite chega e os faróis que nos guiavam não estão mais lá, quando a vida deu várias voltas e a sensação é de que não saiu do lugar.
Três notas musicais, dois acordes e algumas estrelas é o que as vezes preciso para entender a vida, tocando sobre algumas curvas do mundo, fazendo bailar as rosas dançantes por onde eu divaguei, desafinando alguns tons a procura das imperfeições mais precisas. Para te convencer que a vida não precisa estar alinhada para fazer as coisas acontecerem. Para te mostrar que as rugas e aquele café aguado faz parte de nossas estações. Porque não somos os astros do universo que precisam estar paralelos para a gente depois colocar a culpa neles do porque não deu certo.
Dizem por aí que os anjos têm endereço, que as pessoas têm endereço, que nossas ações têm direção, mas se passaram tanto tempo e ainda não descobrir quem sou eu, ainda não encontrei aonde guardam as certezas. Quais são as armaduras dos semideuses que escondem as lágrimas e fingem que a dor é para os fracos. Que a brasa da fogueira só queima quem tem medo de pular ela. Mas dentro dessa armadura os teus olhos não escondem a amargura, o medo e a insuportável ideia de não conseguir escapar que todos nós somos mortais.
A vela que se acende quando a gente nasce, que da luz as nossas vontades são apagadas pelo mesmo vento que faz o caminho das folhas que um dia caem, mas para onde vão as nossas bagagens? O algodão das vaidades, as posses que não voam, as velhices que permanecem, o tolo das malas. As vezes entender da vida é o ato de compartilhar com o outro as nossas vulnerabilidades.