Aquela boca linda
Alinhavados pela brisa no tear do tempo, os tapetes de folhas secas vão se estendendo entre os canteiros do jardim. O verde de alguma folhagem restante sorri esperanças nos caules desnudos, como que cuidando de um berçário preparado para novas floradas.
Passeio pelas sobras da tarde e pego um pedaço de azul no céu, somente para ficar olhando o sol tingi-lo de tons amarelos e avermelhados diante da noite que vem soprando estrelas. E o crepúsculo então se faz e fica como se fosse uma lareira se apagando lentamente.
As ruas contam histórias pelos silêncios entranhados nas paredes e nas janelas das casas enfileiradas. O tempo vai cunhando momentos e os separa paralelamente em esquecimentos e recordações.
Sigo pelas canções desarrumadas que o olhar dela me pedia e que a gente ouvia rindo à toa, mesmo, às vezes, com o amor feito às pressas, mas com muito amor.
Gosto das tardes outonais que caem amarelecidas pelas esquinas das poesias. Recito-as em saudades dela, pelas frases e beijos desabrochados daquela boca linda.