Sou...
Por Nemilson Vieira (*)
Sou o pinto no ovo a querer sair, correr pelo terreiro…
Sou das lidas silvestre nas: veredas, várzeas, campos, matas, cerrados... sou o renovo.
Menos urbano possível, mais campestre.
Animal carecido, a desejar pasto novo.
Aluno reprovado, a repetir de ano.
Caboclo apurado, roda a girar: hora embaixo, hora em encima...
Feito a palha ao vento, menino carecido de exemplo.
Opondo-me ao erro, sou ave no ninho,
protegido do mal tempo.
Sou água, sou queijo; pós café da manhã, feliz, sigo meu traquejo...
Não vivo só de acenos, apertos de mãos, saudações, abraços: careço também de beijos.
Ao andar acompanhado ou sozinho, busco a proteção de Deus e sigo meu caminho sem medo.
Sou o vaga-lume: a iluminar à escuridão da noite.
Sou a água de cheiro, estradeiro; a querer ser alguém na vida, vencer os temores, os desafios que vierem...
Amo o ocaso, o amanhecer, sou como a penha a rolar do despenhadeiro...
... Banhista ao se afogar, socorrista a socorrer;
barco à deriva, no mar revolto da vida.
Homem velho na busca de forças para seguir... o que ainda precisa viver.
*Nemilson Vieira de Morais,
Acadêmico Literário
(20:03:15)