Trechos d'um amor
Chuva, ventos soprando ilusão, o amor enche a alma de ternura... sou voos, enlaço-me nas asas da imaginação, com os pássaros, iludida, vou. Sou uma serra aqui, ali, em serra por todos os lados me transformo, sem sol, descansar é preciso, com a dureza pela sobrevivência, não me conformo, sou uma ave cega, sou feita de sonhos, com frio, n'uma árdua realidade de vã esperança, os meus pés vão inocentes deixando o chão, viajam nas fantasias, para trás, deixo as lembranças...
rompendo galhos, verdes, e secos rangendo, ora para lá, ora para cá... n'um balanço, iludida feito criança, vou, temerosa, sou, e ao contrário de mim, a vida não recua, e eu quero ir, quero ir, n'um ir sem fim, mas sei vou voltar, sozinha não vou muito longe, o amor que ligeiro pulsa em meu coração, feito o beija-flor, anuncia n'um grito a tristeza da flor que deixei... cansei, vou dormir só, só como ninguém, uma ilha eu sou, se me dou, mas só sei ser por inteira, para onde quer que eu vá, sã, sou amor.
A vida não se resume em um poema desiludido e imperfeito, antes n'um poema esperança, desses que se derrama no trecho d'um amor que antes resiste ao tempo e impossibilidades, dessas vontades que descansa na esquina da vida, sem pressa... são tantos e tantos degraus das ilusões, que o amor finda de olhos fechados n'um lugar qualquer, chegando sem nada pedir ou dizer, escuta o silêncio da noite, ofusca-se com o intenso brilho das estrelas, e adormece ao mirando o firmamento, desenfreados intentos, o amor só para para sonhar.
O amor não tem erro, direito, só pode ser sentido, mesmo que não seja ouvido, recua, espera, mesmo sem esperança, é esse o seu caminho, não só ganha estradas, como ganha os céus, passa à voar sem parar, e em seus voos mais alto ganha mais cor, torna a respiração através das palavras, antes presas, o amor solto assim, não consegue mais calar, abusando da sua liberdade, não se aquieta, nunca mais deixa de ser amor.