Na Contramão (versão 5)

Doutor Mario que não era

Um sujeito bobo

Para dar bola

A opinião dos outros

Mas mesmo um sujeito

Tão nobre no pensar

Tem que ter cautela antes,

de uma rua atravessar

Pois se a rua

For de única mão

Deve-se ter

A minima noção

Que não se deve agir

De modo tão cauteloso

E fica olhando

De um lado para o outro

E Mario cometera

Tal vacilo

Quando atravessava a rua

Distraído

Mas sua vida não se tornaria

Tão estressante

Se não fosse pego

Em flagrante

Os transeuntes

Ficaram chocados

Como pode um sujeito

Tão respeitado

Numa rua de mão unica

Olhar de um lado para o outro

Cheio de cautela

Parecendo um louco?

Já no outro dia

Todos sabiam do absurdo

No jornal até saiu

Uma nota de repudio

Sobre um doutor

De tão boa reputação

Que olhava para os dois lados

Antes de seguir numa via de única mão

João nunca foi de

Da credibilidade a opinião alheia

Nunca deu ligança

A estas besteiras

Mas quando viu sua

Reputação ir para o lixo

Achou que tomar uma atitude

Era preciso

Por isto sempre atravessava

A mesma rua com frequência

Mas logo suspeitou

Da própria demência

Por não conseguir

Agir com a minima cidadania

Pois seu pescoço para os lados

Sempre tendia

Convencido João pensou

Em se trancar num manicômio

Mas isto deixaria

Seus pais tristonhos

E para provar a todos

A sua sanidade

Atravessaria a rua

Em alta velocidade

João se preparou na calçada

Pronto para dar o impulso

Olhou na direção correta

Não havia fluxo

E partiu como um louco

Sem chance do pescoço virar

Mas um carro na contramão

Acabou por o atropelar

kakaos
Enviado por kakaos em 02/07/2022
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