BANHO E O DEPOIS

Não sei ver em tua pele algum sinal de amor. Perpassas em mim como algo secreto e o rito facial é triste. Os lábios mordidos não parecem predispostos ao beijo, à inocente folia do amar. À lâmpada azul, o corpo é todo de luz e sombras. Luze nos olhos o desejo como num vômito e a sensação de estar-não-estar traduz-se nos trejeitos de pernas e braços, tímidos. É este o aviso de quem cansou-se do amor de corpo. Luze a lâmpada sobre a cama.

– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre Prosa e Poesia / EU MENINO GRANDE. Porto Alegre: Alcance, 2008, p. 285.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/755046