Prosa incompleta, apenas um aperitivo
Tudo é divino, perfeito e majestoso...
... quando eu respiro, as batidas do meu coração, os meus olhos abrindo e fechando, os dedos das mãos me mexendo, o movimento do joelho se dobrando, o som que preenche os meus ouvidos, as imagens coloridas e intensas, a cicatriz do machucado, tocar e falar alto, rir e chorar, beijar, dançar, comer pão e tomar café, ter osso e pele, correr e andar, sentir frio e calor, dormir e levantar.
Morar numa casa, calçar o sapato, usar várias roupas, passar perfume, banho na banheira, usar pijama, pentear os cabelos, abrir um guarda-chuva, entrar no supermercado, ter documentos, perder o ônibus, rir sem motivo, fazer ginástica, ficar bêbado, ir ao um show, acender uma vela, aprender alguma coisa, plantar flores, ouvir um concerto, esperar por alguém, comemorar aniversário, dirigir um carro, tirar fotos, contar os dias, ter um animal de estimação, namorar, casar, viajar, abraçar e ser abraçado, ser convidado a uma festa, andar na roda gigante, fazer bolo, uma taça de vinho, comer pipoca e cachorro quente, usar casaco, ter um sobrenome, ganhar e comprar presentes, ir a escola, tomar a santa eucaristia, fazer parte de uma família.
O vento nas palmeiras, os botões de rosas, as formigas carregando pedaços de folhas,
a lua cheia, o sol nascendo, o orvalho na grama, as joaninhas nas flores, a dama-da-noite se abrindo, os patos dormindo, os bebês nascendo, o broto da árvore, as nuvens andando no céu, o Caminho de São Tiago de noite, os peixes nadando, as cores das flores, a chuva caindo, as estações, a luz do dia, o arco íris, as cataratas de Foz do Iguaçu, a cidade de Goioerê, as catedrais de Roma, o Píer de Santa Mônica, o pôr do sol na praia, assim as ruas da cidade cheia de pessoas, as orquídeas de Marialva, o frio de Curitiba...