Na mala guardo retratos velhos e até dela.
Guardo cinzas de recordação,pó de resguardo e aventuras soltas no ar que vão colidir com todo vazio que encontrar.
Sou peça de floresta,floresta encantada ,onde nunca pus os
meus medos, com receio de encontrá-los.
Tudo, face à face.
Onde moro, tem um lindo pôr-de-sol - que não ouso olhar,com dó de pisar em raios dourados e virar rei sem luz.Por isso,sou dono de mim.
Tenho uma morna e linda lua de outono,
que guardo para os dias quentes de verão, no armário de antiguidades.
Sou homem que não preza a vida, pois sentido ela não tem. Se alguém contar que tem, só vendo e outorgado e assinado e passado por algum rei..Mas reis já não tem!
Nela parte de minha vida morre a cada instante. E instante não tem dó!
E ,digo sem vergonha de errar: a vida é tão esquisita
que cabe numa mala de levar.
Coisas de santos, só vendo. Milagres não vi. Amores alargados de solidão brotejam por ai.
Daqui nada se leva. A não ser um campo de solidão prá fazer festa em dia de santo!.