À revelia
À revelia
Mística é tua carne, doce e profundo aroma
Em tua face vertem as águas que irrigam
Que lavam, que limpam o solo da tua alma
Sob o vasto céu que guarda segredos
Que esconde medos desta vil estrada
Em tuas mãos que afagam, defendem
Guardas o traço veemente da coragem
Maldita, mundana, promíscua
É tua fama, por ser mulher de alma infinita
É assim que olham-nos, mas não vêem
Deliberam, jogam sortes à nosso respeito
Assim julgam, enfaticamente de todos os jeitos
Fazem suas apostas pra descobrir
Em qual momento iremos cair
Não cabemos em espaços pequenos
Muito menos em veredas restritas
Mesmo diante do brutal sofrimento
Somos livres, somos águias, Marias
Em laços de agruras de um sistema violento
Querem intimidar, invalidar nossa soberania
Impossível segurar a fúria dos ventos
Marias de nome, sobrenome, codinome
Em tua face, marcas de infinitas histórias
Em teu corpo o nascimento de novos horizontes
Em tua alma vertem batalhas inglorias
Só mesmo uma força mística que vem de longe
Pra sustentar quando maculam tua estória
Rico é o sal, do suor que vem da tua fronte
Teu corpo é teu templo, teu esteio
A ti tuas vontades, sagrado é teu espaço
Inviolável, irrevogável é seu direito
O teu "não" precisar ser respeitado
Que vejam! O amargor desse nosso pleito
Nosso poder de escolha constantemente violado
Nossa voz importa, à revelia de tantos despeitos.
Maria Mística, Heterônimo de
Andreia Oliveira Marques