NÁUFRAGO DE TODOS OS MARES

Te querer como te quero, todos os dias e todos os segundos, e acordar sem você ao meu lado todas as vezes,

é como levar socos e pontapés sempre que me levanto.

Você dizendo que me ama, e eu sem poder te alcançar nem um segundo ao menos, é ser espancado a todo o momento.

Mas é uma violência sem dor, sem som e invisível. Quase que incompreensível.

É a própria solidão me deixando, pois, como tenho a ti assim, desse jeito estranho, ela me abandonou sorrindo.

Como se eu não mais a merecesse, já que estou cheio da tua graça e do teu encantamento.

E como descrever um solitário sem a solidão, mas que continua só, como um náufrago de todos os mares?

A resposta esta no fundo dos meus olhos, onde não posso alcançar.

Na profusão do silêncio que invade meus sentidos.

Descansando, na fartura de cores do teu beijo, que ainda não vi.