O Beijo da morte
Há fluxos de sangue a escorrer pelo tapete
O cheiro fúnebre sobre o ar
A cor sombria da infame tragédia
A faca suja reluzente à luz negra
A voz rouca do vento atinar o terror
Os raios a cortar o céu em tempestade
Meio copo de cálice derramado a penetrar entre as frestas do chão
Um gato preto a observar atentamente os
três tocos de velas apagadas sobre a mesa
Tudo condizente com a dor e o beijo da morte.
Chove chove ininterruptamente
O grunhido tênue do rasga mortalha
a anunciar a partida da grande dama da noite princesa das trevas obscura e temida de estranha má sorte
E nas entranhas da vida o beijo da morte
Um grito sufocado no qual ninguém ouviu
afogado em tristeza e solidão arma branca empunhada a mão
Se fez valer todo fracasso e o desespero de um dia ter amado o desconhecido
Maldito seja sempre este convalecido.
Os nodosos vermes a contemplar
Aqui jaz mais um fétido cadáver humano
Não haverá complacência nem tampouco piedade
Somente o desfalecimento da carne e a agonia atormentada na alma.
*
Obs: Texto escrito há 20 anos para um concurso literário universitário. Meu primeiro texto, conquistando 2. lugar na categoria prosa poética.