Vidas, embarcações e mares
Queria que teu afeto fosse intenso o bastante,
Para te fazer partir as amarras de tuas indecisões...
Libertar o barco da tua vida desse monótono cais,
rumando em direção ao meu,
para seguirmos em busca da plenitude de existir...
Teu coração...
um navio ancorado no porto.
Meu coração...
Um navio que da praia de convida
a velejar num oceano de amor.
No porto, os dias são todos iguais,
No mar, como no amor,
a cada dia uma emoção diferente.
Os perigos do mar são bem maiores que os do porto,
mas, os navios que nasceram para velejar,
preferem ir de encontro às tempestades e perigos do oceano,
ou mesmo, afundar felizes na tentativa de realizar
um sonho de embarcação.
Preferem adormecer um sonho de paz e águas,
próximos a uma bela praia, livres de cais e amarras
a serem aprisionados num porto e constantemente serem
arremessados contra as pedras,
enquanto logo a frente, o mar se oferece de braços abertos,
propondo liberdade.
... Se a embarcação que conduz tua vida
estiver ancorada nalgum cais,
trate de partir as amarras e siga com a aurora
do dia que amanhece...
Sabe, me desencorajaram de velejar pela vida
e me aprisionaram num porto, num cais,
até que um dia, lá pela madrugada,
uma embarcação chegou na praia,
cantando uma canção de amor e liberdade...
... Vem comigo, deixa esse porto,
O mar precisa de você e pode te fazer feliz.
Pensei em tempos passados,
Quando a felicidade era constante
e sonhei com um oceano só meu,
porém, o cais havia me machucado,
estava bastante ferido para voltar a velejar.
A embarcação insistia:
Mesmo ferido(a), vem comigo.
Parte as amarras e deixa que o mar vá ao teu encontro.
... Lentamente, uma embarcação temerosa de voltar a velejar,
deixa o cais, partindo em direção ao mar.
No horizonte, o sol emergiu como que das águas,
direcionando àquela pequena embarcação
os seus primeiros raios de liberdade.
Conduzida pelo mar,
qual uma criança nos braços da mãe,
a frágil e temerosa embarcação foi parar numa praia serena,
onde várias gaivotas brincavam na areia...
e, pela primeira vez, após muitos anos de cais,
a embarcação voltou a sorrir.
... Numa dessas madrugadas, aquela embarcação voltou à antiga praia,
cantando a mesma canção de amor e liberdade que ouvira.
Não havia nenhum barco no porto e ela ficou alegre.
Na partida, deixou escrito na areia:
Se pela madrugada ouvires uma embarcação,
cantando uma canção de amor e liberdade,
parte tuas amarras e segue-a.
Ela te conduzirá ao porto onde mora a felicidade,”.
Eu estive naquela praia, e realizei meu sonho de embarcação.
Só então, voltei a ser feliz.
... Foi o que me contou um veleiro,
que partia para o mar, levando a felicidade a bordo.
Luiz H. Peixoto