CAMPOS DE CANOLAS
Na truculência dos embrutecidos, um trem serpenteava campos de outono, despertando atenção nas moradias ao entorno da ferrovia.
As paralelas lhe eram um convite a alucinada aventura dos percursos e os arbustos dobravam-se em reverência à "celebridade".
Pequenas janelinhas de madeira, aqui e ali, enquadravam olhos absortos a espreitar-lhe a passagem.
Na tarde modorrenta, um apito era grito lancinante dilacerando a placidez da campina.
Assustado, um bando de aves buscava refugio pelos quintais das redondezas.
Alheio à turbulência, um senhor debulhava espigas de milho.O terreiro bordava-se de galinhas esfomeadas e os galos disputavam em cantigas as delimitações de seus territórios.
Na casinhola rústica à beira da linha férrea, a mulher de meia idade, debruçada na soleira da janela, espiava o “bruto” com ares sonhadores.
Os olhos esverdeados, soterrados por algumas rugas, disputavam espaço entre a pilha de louça suja amontoada em bacia na pequena prateleira logo abaixo da janela.
Feito campos de outono, os cabelos negros esvoaçavam ante a fúria do comboio.
As paredes de madeira ,sacudiam-se e , obediente aos solavancos, sacudia-se em divagações o seu rodado coração de mulher.
Em pensamentos ela arquitetava pequenas janelas ao longo dos vagões e numa delas, aquele que viria para oferecer-lhe uma rosa .
[ Destas rosas banais, que brotam entre couves nos fundões de quintais ]
Depois, tomando-lhe pelas mãos a conduziria em campos floridos de canolas.
Devaneios...Devaneios...
O comboio vai devorando espaços, alcançando o povoado mais proximo e a janela das ilusões lhe oferece tão somente a visão longínqua das montanhas, o balé das revoadas, as copadas do arvoredo sombreado pelo sol do fim do dia.
Silêncio...Silêncio...
Cacarejam galinhas pelo terreiro e , alheio aos sonhos da mulher da janela, aquele senhor debulha uma espiga a mais.
Nem percebe que ela mastiga a porção insossa da indiferença em campos por onde...
Não florescem canolas.
Ninguém lhe oferece uma rosa...
Na truculência dos embrutecidos, um trem serpenteava campos de outono, despertando atenção nas moradias ao entorno da ferrovia.
As paralelas lhe eram um convite a alucinada aventura dos percursos e os arbustos dobravam-se em reverência à "celebridade".
Pequenas janelinhas de madeira, aqui e ali, enquadravam olhos absortos a espreitar-lhe a passagem.
Na tarde modorrenta, um apito era grito lancinante dilacerando a placidez da campina.
Assustado, um bando de aves buscava refugio pelos quintais das redondezas.
Alheio à turbulência, um senhor debulhava espigas de milho.O terreiro bordava-se de galinhas esfomeadas e os galos disputavam em cantigas as delimitações de seus territórios.
Na casinhola rústica à beira da linha férrea, a mulher de meia idade, debruçada na soleira da janela, espiava o “bruto” com ares sonhadores.
Os olhos esverdeados, soterrados por algumas rugas, disputavam espaço entre a pilha de louça suja amontoada em bacia na pequena prateleira logo abaixo da janela.
Feito campos de outono, os cabelos negros esvoaçavam ante a fúria do comboio.
As paredes de madeira ,sacudiam-se e , obediente aos solavancos, sacudia-se em divagações o seu rodado coração de mulher.
Em pensamentos ela arquitetava pequenas janelas ao longo dos vagões e numa delas, aquele que viria para oferecer-lhe uma rosa .
[ Destas rosas banais, que brotam entre couves nos fundões de quintais ]
Depois, tomando-lhe pelas mãos a conduziria em campos floridos de canolas.
Devaneios...Devaneios...
O comboio vai devorando espaços, alcançando o povoado mais proximo e a janela das ilusões lhe oferece tão somente a visão longínqua das montanhas, o balé das revoadas, as copadas do arvoredo sombreado pelo sol do fim do dia.
Silêncio...Silêncio...
Cacarejam galinhas pelo terreiro e , alheio aos sonhos da mulher da janela, aquele senhor debulha uma espiga a mais.
Nem percebe que ela mastiga a porção insossa da indiferença em campos por onde...
Não florescem canolas.
Ninguém lhe oferece uma rosa...