Contrários
Ah e eu?
Eu me enrolo
Me embrolho
Me embrulho
Me descubro
Me desconheço
A cada dia
A cada vivência
Experiência
E de um jeito
Ou de outro
Me reconheço
Me desencontro
Me encontro
Me vejo num todo
Num passo
Num enlaço
Num desenlaço
De um contexto
Fora de qualquer realidade
Que eu queira ficar
Ou mesmo estar
Seja por breves
Ou longos minutos
Ou mesmo segundos
Não me contenho
Não me atento
O que desejam
Tenho dúvidas
E algumas certezas
Olho
Percebo
Analiso
Penso
Repenso
Esta sou eu
Me alinho
Me desalinho
Me engano
Ledo tempo
Revejo
O mesmo rosto
E me questiono
Se sou eu
Que pinto o sete
Ou é o outro
Que imita o
Morcego
Num velho ditado
" Que chupa
E abana"
Hoje te fere
Amanhã te
Dá um lenitivo
Para pensares
Que tudo
Foi construído
De tua cabeça
Ora, me embrulho
Te confesso
Não me enganas
Em mil capas te envolves
Te escondes
Mas no fundo sabes
Que a mim e a ti
Verdadeiramente te conheço
Ainda que envolta estejas
Em um doce ar de abandono
Pois eu sou
Tu és
Uma história que
Irá ter fim
Ainda que tu penses
Que és tu
Que tens a primazia
Mas sê esperto
Procura enxergar
A quem abaixas a cabeça
O tempo é rápido
A vida se esvai
Depois é tarde
Para tomares as rédeas de tua
Própria forma de ser.
Nem és mais
Nem menos
És na medida que te permites
E eu aqui
De longe
Envolta nos meus enganos
Repinto meu ser
Com as cores de quem
Procura a verdade
Ainda que ela seja
Pela metade...
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E eu pinto o sete
Na embolada de um tempo
Que se desgasta
Mais do que eu
Pois se aqui estou
Não é simplesmente por querer meu
Sou adulta
Incrivelmente imatura
Pois ainda me surpreendo
Com as coisas que a vida me apronta
Não sou criança
Envelheci
Ainda que por vezes
Ultrapasse os meus limites
E fico com as pernas para o ar
Viro carambela
Dou risadas a ver desenhos animados
Ou chorando de emoção
Quando vejo algo
Que me eleva aos céus
Ou aos píncaros do inferno
Sou impura de corpo
Alma lavada na pureza do divino
De onde todos viemos
Sou anjo bom
Contudo posso
Me transformar num ser ruim
Pois todos nós temos
O lado sagrado e o profano
Sou metades
Uma dualidade
Onde paz e guerra
Se contradizem
Porem, tenho a convicção
Que o verdadeiro eu
Sempre ganha...
Raimunda Lucinda Martins