Linha atemporal
Vasculhando por algo,
Nada me apraz.
Também não me distrai,
A não ser essa inquietude,
A alma feito tempestade –
Bagunçando o interior.
Sei que isso tem nome,
Ansiedade o sobrenome.
Uma angústia,
Vontade por escrever.
Mas o que sai?
São apenas as expectativas,
Sem alguma perspectiva.
A chuva cai lá fora,
Com ela o desejo do sol.
A esperança pelo arco-íris,
Quem sabe encontrar o pote de ouro,
E fazer brilhar a íris?
Por que tem que ser assim,
Tão desigual ao que sonhamos?
Uma tormenta –
Tomando proporções lineares.
Observando cada ponto do universo,
Na sublimação –
Entorpecendo os sentidos.
Em meio a dor,
Que não tem norte –
Nem direção.
Aqui em pleno estado de putrefação.
Sob o mofo da existência,
Sem causa e efeito.
Apenas pela incumbência,
De não sei quem.
Neste casulo quase inviolável,
Restando as sensações indesejáveis.
Quando aparecerá a chave de rotação?
Para dá uma guinada,
O delírio ingênuo do equilíbrio –
Fomentando o brio.
Estado sólido da gratidão,
Mas do que inquestionável –
A solidez do anseio possível.
Não que eu queira tudo,
Somente o essencial.
Para que o âmago possa coexistir,
Com o seu meio –
Resplandecente natureza,
Verdadeiro galanteio.
Aqui são apenas o resquício,
De uma memória –
Imaginação fértil.
Deixando-me febril,
Na iminência da realização.
No encaixe dos fatos,
Linha atemporal.
A vida tomando forma,
Na fermentação das ideias -
Miscelânea de sentimentos.
Não sou a prova de nada,
Apenas ser um ninguém.
Na insignificância por existir,
Até o momento da transmutação.
Onde tudo será apenas alquimia,
Restando apenas as palavras impressas,
Em meus velhos papéis.
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