REALIDADE

Há quantos atos ela se atreveu porque era-lhe imprescindível persuadir-se de que seu tempo não seria gasto inutilmente a observar o esvaecer da rútila esperança. Quantos fatos apreendeu com a incalculável potência criativa da memória, dando-lhes uma beleza que não possuíam de verdade, apenas para adocicar as amargas lembranças de uma existência nem sempre prazerosa. Há quantas falhas submeteu-se, exatamente porque esforçava-se em ajustar os desequilíbrios da vida...

Sob a vertigem das frustrações, aos solavancos, com algum resquício de pudor, ela torna à sua melancólica morada donde em frenéticas quimeras e humanamente orgulhosa – em um dia propenso a utopias – sua rebeldia cogitou mudar o mundo.