De rendas vermelhas

Vermelhos rasgados no meio dos alaranjados são pinturas do crepúsculo, para que a noite enfeite os lábios e depois se entregue num beijo de poesia, fechando os olhos de luar e estrelas.

Gosto dos silêncios, quando se arrastam pelas frestas da noite, indo aninharem-se ao lado das minhas insônias. É quando ouço saudades e visito esperanças, aproveitando as lonjuras da manhã.

No quarto as cortinas são como pálpebras fechadas dos olhos das janelas em escuridão. Acendo a luz amarelada de um abajur em solidão.

Romanticamente ou por capricho ela toca as rendas suaves de uma lingerie vermelha deixada ontem na beira da cama. Foi adorada e depois retirada pela explosão de desejos que sempre culminam em prazeres intensos.

A nudez total é sublime e veste os encantos da gente quando tocada com ternura.

E agora a noite vaga pelos cantos e eu sem sono, recostado no travesseiro, caminho com ela, usufruindo dos lumes de teu olhar e das doces lembranças de teu corpo inteiro. E meus sonhos acordados pairam no rubro das rendas leves, que adormecidas ainda exalam teu perfume.

Takinho
Enviado por Takinho em 03/06/2022
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7529935
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