De rendas vermelhas
Vermelhos rasgados no meio dos alaranjados são pinturas do crepúsculo, para que a noite enfeite os lábios e depois se entregue num beijo de poesia, fechando os olhos de luar e estrelas.
Gosto dos silêncios, quando se arrastam pelas frestas da noite, indo aninharem-se ao lado das minhas insônias. É quando ouço saudades e visito esperanças, aproveitando as lonjuras da manhã.
No quarto as cortinas são como pálpebras fechadas dos olhos das janelas em escuridão. Acendo a luz amarelada de um abajur em solidão.
Romanticamente ou por capricho ela toca as rendas suaves de uma lingerie vermelha deixada ontem na beira da cama. Foi adorada e depois retirada pela explosão de desejos que sempre culminam em prazeres intensos.
A nudez total é sublime e veste os encantos da gente quando tocada com ternura.
E agora a noite vaga pelos cantos e eu sem sono, recostado no travesseiro, caminho com ela, usufruindo dos lumes de teu olhar e das doces lembranças de teu corpo inteiro. E meus sonhos acordados pairam no rubro das rendas leves, que adormecidas ainda exalam teu perfume.