LICENÇA POÉTICA
Da inspiração só a transpiração me sobra, ando tendo saudades de minha insônia querida, da minha infância ferida, das desilusões inocentes que moldaram minha vida adolescente. Ando muito só ultimamente, só e repleto de gente me desenhando, me esvaziando, me expulsando, me expurgando. Não consigo ser mais minha obra, vivo como me pintam, não existo mais nem no mundo das minhas idéias. Estou sublimando, ficando dormente. O mundo real me cobra, mas transito indolentemente de sonho em sonho desfeito, de sono em sono sem sonho, de peito em peito sem leito. Sou apenas um eu lírico perfeito e a mesma mão que me escreve é a mesma que me dobra.