De volta para casa
Algo em mim falta e este algo é o algum que não é nada. Ontologicamente impossível, formalmente possível e na prática o mesmo. Este mesmo, aquilo que é o mesmo que este. Ah consciência deveras, nostálgica, apática, sensível, sensível para uma sensação desconhecida de saber esquecido, o passado tido como um presente por dentro. Há em mim uma vida interna que antecede todas as outras que crio formalmente e me derruba ao tocar-me _ ser _. Defronte ao carvalho em uma rua cinzenta de um tempo antigo, caminhando na estrada do desconhecido sorrindo, pois tenho ao menos a liberdade de afirmar-me nisto e andar, andar com as próprias pernas de quem anda como se não houvesse amanhã, esquecendo de quem era para apenas ser. E em vez de fugir dos lobos os aproximo de mim, pois em minha companhia, que é na, faz-se silêncio. Oh silêncio que não se conceitua, apenas conceitua-se, é dado e é isto. Reciprocidade com meus versos indizíveis de uma época sem regras que não práticas, arma, moto e bebidas. Estou agora mesmo para mim um viajante do tempo no qual desencontra-se no tempo que por algum motivo decidiu viajar. Talvez esteja a procura do coração de ouro, mas que outro e a quem ouro? Se ouro, para quem? Ah são tantas perguntas sem repostas e tantas respostas sem perguntas que me levam a duvidar de toda certeza e desencontrar-me nisto tudo. Apenas, casualmente, assim sou e o que digo não sou, pois conceituo, digo.