Dejavu
Me obrigue a voltar novamente pra casa.
A esquecer o erro do beijo dado, do abraço proibido.
Da conversa única, apaixonada, reveladora.
Me obrigue a virar a cara, a fingir que nada aconteceu e a seguir em frente.
Me obrigue a deixar a pele envelhecer sem sentir novamente o toque do seu perfume.
Me obrigue a voltar pra casa cheia de desejos reprimidos.
A lavar a louça, varrer a casa, a cuida das crianças.
Me obrigue a viver em união e sozinha. Me obrigue.
Mas por favor não volte quando estiver cansado, entendiado.
Não me obrigue a voltar novamente pra casa.
E fingir que nada aconteceu.
Volta pra casa e esquece o cheiro da cinza do cigarro.
Envelhece e deixa de pedir sentidos de quem não tem discursos pra te sentir.
A quem não vai te dar ombros pra te sentir.
Viva em comunhão de bens na solidão de uma cama de solteiro.
E se sobrecarregue, de trabalho, de cansaço. Pia, roupa, banheiro.
Crianças chorando, coração chorando.
Deixa o tempo pisar na tua pele e nos teus desejos.
Nasce a mãe, morre a mulher.
Se arrumando pra quem? Agora você tem um marido.
Se obrigue a voltar novamente pra casa e fingir
Que nada nunca antes aconteceu.