Amor atípico
Um diagnóstico me tira do chão,
Autismo.
Meu
caminhar tem o rumo dado,
De um olhar em fuga, um carinho recusado.
Essa angústia me fez chorar de desespero, e a solução buscar.
Sem resposta, o choro nosso.
Um vagar convicto - mais saber buscar.
Anos de estudo, muito sacrifício, mas sabia onde queria chegar.
Entender aquilo que dos meus braços, minha filha ousou roubar.
Cura? Tem não!
Casamento desfeito, muita vida regrada,
Só as palavras me faziam companhia,
Choravam minhas mágoas, davam voz à minha alegria,
alimentavam meus sonhos,
Construíam minha nova vida,
Cada vez mais silenciosa.
Sofri e enfim entendi o tamanho "daquilo".
Conheci outros: TDAH, TOD, TOC entre outros "nomões"
Todos traziam rugas a mais nas famílias.
Conheci o caminho - que minha filha devolveu.
Não do jeito que sonhei, mas que sempre amei.
Hoje, numa cena que não tive coragem de ver,
Soube de Genivaldo
Que a crueldade de alguns que tiveram uma vida típica,
Porém o coração seco, mataram como se a vida não importasse,
Por não saber "ser normal", teve decretada a sua morte,
Pela farsa da humanidade!
Aí olho para minha filha, que mal se alimenta sozinha
Vive os resquícios da vida atípica que teve
E penso que se não tivesse minha mediação,
Esse mundo azedo, teria posto a perder a doçura do seu sorriso.